Os investidores estrangeiros voltaram a apostar na retomada da economia brasileira em março. Dados divulgados, pelo Banco Central apontam a entrada de US$ 5,557 bilhões em Investimento Direto no País (IDP) no mês passado, sendo US$ 3,1 bilhões em participação de capital (compra de ações empresas).
Em um momento de recessão econômica ainda há muita oportunidade para Investidores estrangeiros. A queda no Brasil não foi uma das mais acentuadas entre os 20 países que atraíram maior volume.
No setor de Food Service há muitas marcas estrangeiras que investem e acreditam no país como: Fleming’s Prime Steakhouse & Wine Bar, inaugurada em março a primeira loja no Brasil e Taco Bellque se prepara para esse semestre inaugurar as primeiras lojas. Para que pudéssemos entender as principais dificuldades, conversamos com os investidores e proprietários Eugenio de Marco, Diretor Executivo e Roberto Galisai, Diretor de Marketing, da Gelateria Italiana Le Botteghe di Leonardo, que chegou no Brasil em 2014 e está se preparando para expansão.
Quais dificuldades vocês encontraram para colocar a marca de vocês no Brasil?
Eugenio: Sem dúvidas a burocracia foi o principal problema enfrentado. Tudo que foi planejado teve atraso devido a burocracia.
Roberto: Além disso, primeiro acredito que a visão e entendimento do mercado brasileiro sobre “gelato-sorvete” algo ligado à sobremesa, doce, calórico e gorduroso e não algo relacionado a saúde, alimento equilibrado. Depois a dimensão de consumo e lógicas de distribuição que atualmente, segue as propostas americanas (industrializadas e em larga escala) VERSUS a produção de nicho italiana, onde a qualidade dos ingredientes e um consumo consciente são de extrema importância.
Quais são os principais passos para trazer uma marca para outro país?
Eugenio: A análise de mercado e do contesto competitivo funcionais. Uma vez que a escolha é sim, planejamento estratégico detalhado com definição das necessidade financeiras da empresa no médio prazo. Em seguida, a execução do projeto com atividades clássicas (escolha de assessorias técnica e jurídica, abertura da empresa, escolha do ponto, escolha de fornecedores para obra e para a operação, escolha de funcionários, treinamento).
Roberto: A escolha de um parceiro local (brasileiro) que possa atuar dentro do negócio, como sócio-operativo. É difícil entrar no Brasil com idéias e recursos 100% estrangeiros.
Existe muita diferença de atendimento legal quando a vigilância sanitária do Brasil e da Itália?
Eugenio: O Brasil está progressivamente chegando no mesmo nível de requisitos que os outros países evoluídos, mas ainda tem muita burocracia e documentação que nos países evoluídos foram substituídos por auto-certificação.
Em tempos de crise, como vocês conseguem colocar a marca em constante expansão?
Eugenio: A crise é uma excelente oportunidade para empresas de alta qualidade, uma vez que os competidores de nível médio podem desaparecer e quem se destaca pode crescer aproveitando as cotas de mercado livres. Além disso, as condições comercias melhoram para alugar pontos comerciais e os funcionários estão mais focados no trabalho devido o alto nível de desemprego.
Roberto: Por outro lado, é preciso melhorar a eficiência operacional interna, cortar o custo de fornecedores não prioritários, para conseguir absorver o aumento dos custos operacionais e das matérias primas devido a inflação. Somos a única sorveteria que não aumentou o preço do gelato, repassando o aumento dos custos da cadeia de valor para o consumidor final.
Qual a dificuldade em manter a qualidade dos produtos?
Eugenio: Escolher fornecedores comprometidos e verificar continuamente a qualidade dos insumos utilizados.
Roberto: Manter sempre a produção centralizada, tudo tem que sair de poucas mãos, treinadas e constantemente acompanhadas e monitoradas. Controlar o processo de produção, estoque e entrega dos produtos até sua exposição.
Como conseguem manter o mesmo padrão de produtos comercializados na Itália?
Eugenio: Foi feita uma pesquisa de fornecedores ao longo de dois anos que continua ainda hoje visando a excelência e ainda contamos com o suporte do departamento de produção na Itália.
O que você acha dessa retomada econômica nos setores de food service? Tem sentido essa mudança no seu empreendimento também? Compartilhe conosco suas impressões!

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